50 anos do 25 de abril



No dia 30 de abril celebramos o Dia do Agrupamento do Castêlo da Maia. Neste dia de festa, a comunidade educativa é chamada a participar em diversas atividades que decorrem em todas as escolas. Este ano, para comemorarmos também o 50º aniversário da Revolução dos Cravos, a Escola de Gestalinho planeou atividades relacionadas com o tema "50 anos do 25 de abril". Além de serem representativas do que os nossos alunos aprenderam nas disciplinas de Português, Estudo do Meio e Educação Artística, estão integradas no domínio de Instituições e Participação Democrática da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.


Ensaios/preparação

Nas semanas anteriores ao Dia do Agrupamento, os alunos viram vídeos, conversaram, fizeram diversos trabalhos nas aula alusivos ao 25 de Abril e ensaiaram as canções.

Entretanto, as professoras desenhavam um espetáculo que permitisse a participação de todos os alunos, que fosse inclusivo. As assistentes operacionais foram incansáveis e ajudaram a colocar o espetáculo em palco.

Às famílias foi pedido que elaborassem cravos para que, também em casa, esta data fosse falada e os mais novos ouvissem os testemunhos dos mais velhos. 

O G. (GT2) trouxe uma mochila que o avô, que era paraquedista, guardou há 50 anos, quando veio da Guerra Colonial. Todos os alunos do 1º ciclo viram o seu conteúdo: o cantil, o cinto e o bivaque.









Teatro/Musical "50 anos do 25 de abril"

E chegou o dia da apresentação do espetáculo preparado para a comunidade escolar!

Contamos a história que, um dia, também os nossos alunos irão contar, a história de como as forças armadas conquistaram a Liberdade e a devolveram ao Povo após décadas de ditadura. Em palco houve dança, leitura, dramatização e música, mas uma palavra teve destaque especial - liberdade.

À entrada do salão (porque a chuva ameaçou qualquer atividade no recreio da escola), os pais receberam um rolinho com a indicação para "não abrir, já".



Entrada

As gaivotinhas voaram livres ao som da música  Flor sem Tempo, de Paulo de Carvalho, cantada por Agir. Uma gaivota acompanhou-as no voo e seria a testemunha de um dos acontecimentos mais importantes da história recente de Portugal.



Cena 1 - No tempo da ditadura

A obra O Tesouro, de António Manuel Pina, foi a fonte dos textos que os nossos 4 leitores apresentaram para retratar como era a vida dos portugueses no tempo da ditadura. Fala do medo, das proibições e do desrespeito por escolhas que hoje consideramos direitos que estão garantidos.





Cena 2 - A Revolução dos Cravos

Testemunha das repressões sofridas pelo povo, a gaivota voou e pousou junto a um velho rádio onde ouviu a 1ª senha, a canção E depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, que indicou aos militares a hora de saída dos quartéis para ocuparem locais estratégicos para o governo de Marcello Caetano. Os leitores resumiram o que se estava a passar na manhã de 25 de abril de 1974 (RTP Ensina) e o coro cantou a 2ª senha da revolução, Grândola, vila morena, de Zeca Afonso. No fim, foram distribuídos cravos aos soldados e ao coro e ouviram-se gritos de "Liberdade" enquanto os militares e o povo sorriam e abraçavam-se ao som de Pedra filosofal, de Manuel Freire. Entretanto a gaivota fazia voos de alegria e entusiasmo.










Cena 3 - A Liberdade

Após ouvirem Pedra Filosofal, os soldados voltaram à formação, o coro ao seu lugar em palco e os leitores de poesia alinharam-se para ouvirmos o poema "A liberdade, o que é?", de José Jorge Letria e a Gaivota, sempre presente, leu o soneto "Abril de sim Abril de não", de Manuel Alegre, encerrando com a mensagem:

A Democracia constrói-se todos os dias e a Liberdade não está garantida. A luta continua! 25 de abril, sempre!

Grito que foi repetido por todos: 25 de abril, sempre!

Por fim, a Gaivota apelou aos pais para abrirem o rolinho que receberam à entrada e se juntarem ao coro para cantar Somos livre (Uma gaivota voava, voava), de Ermelinda Duarte.








Exposição "Cravos de Abril"












Agradecimentos

Para que este dia fosse possível, toda a nossa comunidade trabalhou afincadamente - alunos, professoras, assistentes operacionais e famílias. 

Um agradecimento muito especial ao pai (GT4) que nos deu assistência no som, Luís Lima, à avó (GT3) que ajudou a preparar a sala onde decorreu o teatro, D. Arminda, à mãe (GT2) que filmou o espetáculo, Vânia Oliveira, e à mãe de um ex-aluno que nos ofereceu o tecido para as asas das gaivotinhas, D. Olímpia.



A liberdade, o que é?

A liberdade
É um pássaro sem medo
A cantar dentro da boca.
 
A liberdade
É um livro escrito com a tinta
De que são feitos os sonhos.
 
A liberdade
É um livro sempre aberto
Na página ainda por escrever.
 
A liberdade
É um circo que torna livres
Todos os bichos.
 
 A liberdade
É uma rua a desaguar
Ao luar, no infinito.
 
A liberdade
É um caracol
A brincar com o sol.
 
A liberdade
É um comboio
A atravessar as nuvens.

A liberdade
É um velho
Para sempre criança.
 
A liberdade
É um gato
Apaixonado pela lua.

José Jorge Letria




    ABRIL DE SIM ABRIL DE NÃO

    Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
    vi o Abril que foi e o Abril de agora
    eu vi Abril em festa e Abril lamento
    Abril como quem ri como quem chora.

    Eu vi chorar Abril e Abril partir
    vi o Abril de sim e Abril de não
    Abril que já não é Abril por vir
    e como tudo o mais contradição.

    Vi o Abril que ganha e Abril que perde
    Abril que foi Abril e o que não foi
    eu vi Abril de ser e de não ser.

    Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
    Abril de Abril despido (Abril que dói)
    Abril já feito. E ainda por fazer.
     

                                 Manuel Alegre
              Do livro: "Chegar aqui", 1984, in Atlântico, Publicações Dom Quixote, Portugal, 1989

Comentários

  1. Foi a festa que a importância da data merecia. 🥰

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  2. Muitos parabéns à comunidade educativa por esta excelente representação, foi notório o envolvimento de todos e sobretudo o entusiasmo demonstrado pelos alunos que certamente não esquecerão o momento.

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